feminismo prático dói

Eu como mãe de um menino as vezes preciso colocar meu sentimentos de proteção e amor incondicional e ser prática com ele. Como feminista ativa eu acredito que mudanças só vem com diálogos e pontuações corretas, eu evito acusações e sempre incentivo o questionamento. Essa semana, dia dos namorados, desafiaram-no a entregar uma cartinha de amor pra menina que ele gosta na escola e o que acontece a seguir precisa ser dividido em partes.

Antes de tudo acho importante deixar claro que eu nunca incentivei ele a gostar de alguém na escola, foi realmente uma coisa bem natural e até um tempo atrás ele mal falava com ela de vergonha. Eu sabia, porque eventualmente ele me contou, mas eu sempre deixei claro sobre como ele é uma criança e não da pra criança ter nada além de achar uma pessoa bonita. Além de tudo, eu acho mexer com pessoas na rua um dos comportamentos mais ridículos que a humanidade desenvolveu, então também não rola esse tipo de coisa aqui.

Mas acontece que ele realmente acha ela linda demais e quando ele fala dela os olhinhos brilham e eu acho isso lindo calada POIS NÃO INCETIVO. E ele escreveu a carta. Deu uma flor junto. No meio de vários colegas.

Ela rasgou a carta e jogou fora junto com a flor, não teve final feliz (ainda bem). Mas é nessas horas que ser feminista dói um pouco. Não porque eu não acredito nos meus ideias, mas ele é meu filho. E ao mesmo tempo que eu queria consola-lo eu precisava ser sincera com ele sobre nem todas as meninas que ele vai gostar na vida estarem interessadas, e está TUDO BEM.

Encontrar esse meio termo dói, mas quanto mais você entende que é necessário você começa a criar estratégias para não romantizar o fato de que por mais que ele gostasse dela, ela não tinha obrigação nenhuma de gostar de volta. E que ao entregar a carta no meio de todo mundo provavelmente ele colocou ela numa situação de vergonha tão grade que mesmo que ela sentisse, ela provavelmente não responderia. Que ela tem todo o direito de dizer não e que ele não é um coitadinho por causa disso. É só mais um coraçãozinho partido e que um pote de sorvete sempre é bom nessas situações.

Pena que ta frio.

espaço

Eu estou MUITO CANSADA. E hoje especialmente parece que tem um peso a lá desenho animado em cima da minha cabeça e que só é retirado quando eu sento pra ler algum livro. Ler sempre foi minha melhor válvula de escape, ler com dor de cabeça sempre foi meu remédio. Em alguns momentos desse diário virtual eu já expliquei sobre a minha mania de querer carregar o mundo nas costas e como isso a longo prazo é extremamente ruim. Eu entro em fases de esgotamento físico e meus remédios costumam ser cama, livros e um cheiro familiar. Acontece que não tem dado tempo e eu vago na loucura dessas noites escuras onde eu me sinto um interruptor que de maneira abrupta caminha entre os vales do sono e do cansaço. O meu quadrado pessoal foi invadido por problemas, alguns maiores que outros e no momento eu estou tendo muita dificuldade em expulsar esses intrusos momentâneos.

No mais eu li bastante sabe, li coisas que renderão em algum momento textos que sairão do mais profundo do meu ser. Nesse meio tempo eu ando processando: ideias, pessoas e conteúdos consumidos. Algumas neuras voltaram. Outras desapareceram.

Conheci Despertar, um livro que mexeu demais comigo e com minhas verdade. Que colocou todas elas em cheque. Que está me fazendo aguardar lançamentos de livro novamente. Me apaixonei por ficção cientifica e desde então não passo um dia sem pensar em algo sobre o assunto. Em alguma momento eu acho que pirei. De um jeito bem bom, diga-se de passagem. Ando desatando alguns nós, escolhendo manter outros.

Acho que estou naquela fase da minha vida que tudo vai mudar. Preciso limpar meu quadrado da melhor maneira possível para receber minha mudança.

é tão bom estar aqui, que nem me importo com as lascas de madeira

Essa frase infelizmente não é minha, é do livro ‘O fundo é apenas o começo‘ do Neal Shusterman (mesmo autor de ‘O Ceifador‘). E eu passei horas pensando nessa frase porque eventualmente ela doeu mais que deveria. Eu chorei muito ao pensar nas minhas lascas de madeira, e como no fim das contas não é tão bom assim estar aqui.

O soco no estômago dessa frase, quando fora de um contexto que a reduza a sua significância na poesia da obra é muito grande. Quando você realiza a quantidade de ônus que as relações agradáveis lhe causam e você começa a de fato colocar tudo isso numa balança e repensar se vale ou não a pena todas estas lascas que precisa carregar para manter aquela sensação de conforto, mesmo tudo continuando o mesmo alguma coisa muda.

Hoje eu passei o dia chorando enquanto trocava mensagens com meu namorado pensando nessa frase. E não entendam esse choro como uma briga, porque é bem difícil brigarmos. Eu estava frustrada demais pensando nas minhas farpas e em como eu já vivi com lascas machucando meus dedos em nome do conforto da pinça nas horas seguintes para aliviarem a dor e consequentemente criarem a falsa sensação de que aquela era a última vez, e como a única pessoa que restou na minha vida com a qual eu ainda tenho uma leve tendência a conversar sem rodeios sobre os meus sentimentos mais íntimos, sobrou para ele o prazer de ler minha palavras de dor em meio a manhã conturbada.

Enquanto eu chorava e pensava nessa frase eu comecei a reciclar a minha vida, desde o dia que eu me permiti me sentir assim, cheia de farpas e dores que eu não preciso, e eu não pude deixar de pensar em como eu abracei essas farpas com tanta força que em algum ponto da minha vida eu me vi anestesiada diante da situação aparente. A minha apatia em relação aos meus sentimentos me trouxeram até aqui e eventualmente o sentimento de culpa vem me visitar.

E reforço que chorei, porque cheguei num ponto que eu não sei me encontrar mais diante das lascas, uma vez que eu as encaro de frente toda vez que me olho no espelho. Chorei porque mesmo me incomodando com toda a situação eu me sinto merecedora da mesma, de maneira que não existe uma alternativa ou plano B, pelo menos não no momento. Chorei porque mesmo que você consiga se libertar das farpas elas custam muito a sarar e a ardência do peito é uma constante incontestável.

guia prático de como ler para uma criança #6

Faz um certo tempo que eu não venho aqui contar minhas aventuras de mãe e desesperada por livros que está ensinando uma criança sobre hábitos de leitura. Esse nosso novo capítulo é sobre: apresente coisas diferentes para o seu filho(a) de maneira a não só expandir a ideia de livros mas também mostrar pra ele que existem muitas coisas divertidas no mundo que podem ser lidas. Dessa vez eu resolvi investir em mangás. Tem um tempo que eu ando namorando os mangás do My hero Academy e na feira do livro que aconteceu na minha cidade calhou de eu encontrar os 4 primeiros volumes por um preço justíssimo.

O resultado aqui foi REALMENTE melhor que o esperado. Renato não só está´muito pilhado na história como dessa vez, por vontade própria ele tem lido mais e melhor. Eu ja havia comentado antes mas, personagens importam. Quando eu comprei o mangá pra mim com o desejo que ele também lesse eu não imaginei que ele iria se esforçar tanto para a acabar um livro rápido. Mas não entendam rápido com um desespero para não precisar ler, porque aqui ele tem que ler todos os dias. Rápido porque ele gostou tanto que começou a levar o mangá consigo para todos os lugares. Nosso combinado de um ‘capítulo’ por dia se tornou um recorde de LIDO EM 3 DIAS.

Às vezes não parece mas Renato tem só 7 anos e ele acabar um mangá que seja, com 200 páginas em 3 dias me deixou muito feliz. Sabe aquela sensação de ‘ta dando certo’, pois é. É bem ela que paira nesta casa nos dias atuais. Entre as coisas boas está a empolgação da criança com o livro, entre as ruim está a empolgação da criança com o livro. A cada 10 coisas que Renato vem falar comigo, 8 é sobre o mangá.

A vida: esse eternos ônus e bônus

uma louca, uma feiticeira

Acho que já é sabido neste recinto que eu adoro livros que me tire dos trilhos ou que mexam na minha zona de conforto de tal forma que eu literalmente começo a pensar até demais nas coisas. Desde que saiu os indicados eu venho pensando em ler os livros que concorreram ao prêmio kindle de literatura e como encontrei um kindle unlimited por um preço justo resolvi começar pelo vencedor.

Dama de paus é um livro escrito pela Eliana Cardoso que fala sobre mulheres de uma pequena cidade no interior de Minas Gerais. Acho pertinente parar por aqui porque as camadas da história são bem interessantes, mesmo que um pouco confusas, e se eu contar algo sobre acredito que a magia vai desaparecer de leve. Acontece que a Eliane esfrega na nossa cara coisas tão profundas no meio dessa narrativa que eu, que comecei apesar de eu ter começado não gostando muito, preciso tirar o chapéu para a escolha de palavras da autora.

Em um dado momento no livro ela escreve as seguinte frase:

De que lhes vale pleitear a emancipação da mulher pelo trabalho e pelo nivelamento cultural com o homem, se aceitam que o mesmo governo – que lhes ampara a aspiração legítima de pleno exercício de seus direitos políticos – se curve diante de maridos, noivos, amantes e namorados, insatisfeitos com a hegemonia assegurada a milênios para manter as mulheres em subordinação afetiva e dependência econômica, as abatem como reses num matadouro?

E o soco no estômago veio como quem não queria nada e me lembrou que mesmo em dias os quais a luta feminina segue firme e pulsante eventualmente nos vemos justificando atitudes sejam em nossos parceiros ou em homens próximos de nós. Que fique bem claro que eu não estou me excluindo da lista de pessoas que fazem isso, até porque em casos extremos de violência contra a mulher a comoção é geral mas quando alguém próximo de você interrompe você ou outra mulher fica sempre aquele nó na garganta, nó esse que nem todas nós temos capacidade de desfazer. O problema é que raramente esse tipo de atitude é estimulada.

Eventualmente quando uma de nós se propõe a desfazê-lo o carimbo de ‘feminista louca’ chega como um aviso de que tudo bem querer nosso lugar na sociedade, mas tudo tem limites. A minha pergunta sempre é: existe mesmo limites para aquilo que queremos fazer? Em qual ponto de nossas vidas aprendemos que tudo bem querer ser independente e dona de si mas se isso significa ter que apontar o problema em outras pessoas, em outros homens é melhor ser só independente e entregar seu corpo aos lobos a fim de ser aceita socialmente?

Todo mundo que me conhece sabe que se tem uma pessoa que se encaixa no quesito louca essa pessoa sou eu. Eu falo alto e xingo mais palavrão do que eu me orgulho; fora a parte da empolgação que é sempre demais. É engraçado como eu sempre me incomodo com essas situações, em que eu ou outras mulher são colocadas em situações de inferioridade porque resolveram se posicionar acerca de algo que lhes incomoda e não dá para não se sentir levemente culpada, porque eu me sinto treinada para ficar calada e isso cansa. Demais até.

De fato livros estão me deixando paranóica e eu não sei até que ponto isso é bom.

eu não escrevo sobre amor

Eu sempre quis ser uma poeta apaixonada que redige seus versos em nome do belo e das coincidências da vida. Aqueles os quais os versos eventualmente são utilizados pelos amantes seja em fotos em redes sociais, seja, de maneira mais antiquada, em cartas de amor com perfume feminino. A verdade é que por mais que todas essas palavras me toquem e me emocionem mas é muito difícil para mim produzi-las.

Não que eu não ame alguém, coisa que eu faço de maneira consideravelmente profunda e com uma história digna de roteiro de novela inclusive, mas é que as palavras que residem no meu peito não são boas o suficiente para construir uma poesia. Seja porque meus sentimentos são muito meus mas eventualmente eu os dívida de maneira individual com pessoas que eu me identifico, seja porque  para mim o amor é prolixo demais para caber em um amontoado de palavras.

Mas eu admiro quem consegue escrever sobre o amor e suas tragédias e seus merecimentos. Admiro também aqueles que sentem de maneira tão profunda que o sentimento e a vida de misturam e o amor ali existe de um jeito tão singular que ele não precisa ser falado, porque é sentido por todos. Admiro quem amou tanto que não conseguiu terminar amando ninguém e por fim escreve sobre isso para relembrar de suas antigas aventuras. Admiro quem ainda ama e transforma a vida numa poesia de retratos bonitos na internet.

Mas eu vivo assim na minha caixinha e encontrei alguém que gosta de viver dentro dela comigo. E acredito que por hora é o suficiente.

a vontade de cada um

Terminei ‘Admirável mundo novo‘ com o mesmo vazio que distopias no geral colocam em mim. Sempre que encaro as situações onde a realidade se choca com a fantasia e algumas frases parecem ser escritas para cada um de nós eu me faço uma reflexão sobre todas as escolhas que eu fiz na minha vida. Com Aldous Huxley não foi diferente.

Na sociedade distópica aqui desenvolvida temos pessoas criadas em laboratórios e condicionadas a suas vidas desde sua concepção. Os embriões aqui são selecionados e multiplicados inúmeras vezes afim de criar exércitos de pessoas capazes de desempenhar suas funções com tamanha facilidade a ponta de essa função se tornar quase prazerosa. Temos também seres coletivos estimulados desde cedo a serem seres sexuais e se portarem como um bem comum. Aqui o ato sexual é quase um status e todos são estimulados a terem muitos parceiros sexuais.

E temos um selvagem que leu Shakespare.

Os opostos desse livro são extremos que carregam em si algumas perguntas que, levando em consideração a conformidade de cada um, nos coloca em posição defensiva. Uma sociedade condicionada e com prazeres superestimulados é uma sociedade estável, onde os pontos fora da curva são facilmente controlados. Uma sociedade livre carrega consigo o estima do amor, da paixão e da tragédia, sentimentos esses que não garante de forma alguma a estabilidade proposta pela primeira mas lhe garantem identidade e criatividade.

É interessante como em toda distopia existe sempre essa necessidade de controlar as pessoas de maneira direta de alguma forma, e com figuras sempre autoritárias, estimular e manter esse controle. Por vezes é difícil até perceber como todos esses elementos de controle, em suma, funcionam de maneira intríseca e fluida em nossa sociedade. Por isso achei bem pertinente quando o Aldous coloca essa sociedade aqui como uma condição, mas lá no fundo quase que uma opção, os induvíduos que não se adaptam aqui, pela falta de necessidade de recondicionamento, quando o ‘soma’ os falha, são convidados a habitar regiões onde esse tipo de comportamente não interferirá na ordem estabelecidada.

A questão é: mesmo condicionados somos capazes de romper essas barreiras e enxergar o outro lado do rio, mas até que ponto realmente desejamos beber dessa água e até que ponto esse estado de negação é mais confortável?

Por fim “um estado totalitário verdadeiramente eficiente seria aquele em que os chefes políticos de um Poder Executivo todo-poderoso e seu exército de administradores controlassem uma população de escravos que não tivesem de ser coagidos porque amariam sua servidão…’.

E você? Já defendeu com unhas e dentes sua servidão hoje?

incômodos

Peguei emprestado o livro ‘Memórias de minhas putas triste’ do Gabriel García Márquez e eu sinto que existem algumas coisas sobre esse livro que precisam ser ditas. Ele é um livro curto 127 páginas de reflexões de um velho depois de comemorar seu aniversário de 90 anos. Entre essas reflexões ele decide que quer de presente de aniversário ter relações sexuais com um moça virgem. E é aqui que a merda começa.

Como eu já esperava esse livro é tão bem escrito que até as palavras mais difíceis parecem fluidas e concisas no meio do texto. O tom rebuscado das palavras no entanto não diminui minha vontade irracional de jogar o livro longe todas as vezes que ele usa da narrativa para contar sobre seus encontros com essa moça, pela qual ele SE APAIXONA. Eu fiquei muito incomodada lendo esse livro, muito porque eu terminei ele mesmo com esse incômodo e eu sei que eu só terminei por conta da precisão de suas palavras.

Quando eu livro trata de outros assuntos ou se você ignorar que a pessoa que o velho ama tem 14 anos o livro é realmente muito bom. Mas como mulher eu não consegui deixar esse fato de lado e eu passei o livro inteiro entre altos de baixos e sentimentos extremamente conflitantes. Eu odiava o livro pelo abuso que ele apresenta, mas o peso da narrativa era tão profundo que eu não conseguia largar aquilo, não só não larguei como li tudo em um dia.

Tudo isso me fez pensar em títulos. Boa parte de mim sabe que eu não larguei esse livro pelo GABO e quanto mais eu penso nisso mais eu me sinto culpada por ter gostado pelo menos um pouco desse livro mesmo com esse problema gigante que foi descrito ali em cima. É meio problemática essa profunda admiração pelos autores clássicos e como isso tem um efeito bem profundo na nossa capacidade de criticar coisas de pessoas importantes. O meu problema aqui não é o assunto, mas o fato de não existir crítica NENHUMA, mas sim uma romantização de toda a situação com uma prosa fenomenal. Não tem como ler tudo aquilo e não achar pelo menos problemático que esse fato seja pouco discutido entre as pessoas que me fizeram querer lê-lo.

how to raise a child

Primeiro que não existe regra e esse texto não é uma cagação de regra, é a minha visão e a minha OPINIÃO. Todas as verdades contidas neste texto são as minhas verdades e eu não espero que elas se apliquem a outras pessoas porque é saudável e bem comum sermos e pensarmos de maneira diferente. Segundo que esse texto ´é baseado na minha experiência como mãe, entre erros e acertos e algumas pedrinhas no caminho.

Renato é uma criança de 7 anos que é um excelente aluno e uma criança extremamente carinhoso e até tímida as vezes. Muito já se passou até chegarmos neste ponto onde ele já tem até uma certa autonomia e a jornada foi mais longa que parece. Dos seus 7 anos de vida eu passei 1 ano e meio longe e ainda me dói pensar em algumas situações mas eu não me arrependo. Eu fiz o melhor para nosso futuro naquela época e eu confio bastante, até hoje, nas mãos as quais eu o deixei na minha falta.

Acontece que eu sou uma pessoa meio eu. Eu vivo abarrotada de livro e valorizo coisas bem pontuais como o conhecimento e eventualmente vivo abarrotada de livro na cama. Eu gosto de conversar profundas, mesmo que com um menino de 7 anos, e gosto de ver como ele é quando criança. A verdade é que eu adoro o fato de que na medido do possível eu consegui deixar Renato ser criança por muito tempo, no sentido de gostar de coisas de criança e pensar de maneira menos agressiva. Eu sempre critiquei essa maturidade precoce que se faz uma verdade bem profunda entre nossas crianças e eu luto o máximo possível contra isso.

A última discussão a cerca de Renato se deu porque ele gosta de uma menina na escola. Esse fato, que a princípio eu achei bem engraçado e conversei com ele sobre inclusive, começou a tomar proporções mais sérias quando ele começou a se sentar do lado dela na escola e isso desencadeou uma reclamação na escola porque ele estava conversando demais. Eu nunca proibi Renato de gostar da colega de classe, até porque eu não tenho esse poder, mas eu conversei com ele e expliquei que crianças de 7 anos não namoram. E que é bem legal ele achar ela linda (e ele acha) e todas as coisas bonitinhas que ele pensa sobre ela, mas que na idade dele isso não poderia ser algo além disso. Porque isso não é coisa de criança.

Entre os mil comentários que eu ouvi, sejam eles homofóbicos ou machistas, muitos me deixaram bem chateada. É algo que parece bem claro na minha vida quando eu digo pra Renato que ele não pode namorar com 7 anos de idade. Isso nada tem a ver com a menina e nem com afirmação sexual de uma criança de 7 anos, tem a ver com ele não ter maturidade suficiente para entender o que é namorar e todas as coisas que isso implica. Eu sei que ele vai beijar na boca um dia e ter uma namorada, o que eu luto é para que isso aconteça no tempo dele e não numa situação onde ele se vê empurrado para algo que ele mal consegue colocar em palavras.

É realmente triste eu ter que explicar tudo isso para ADULTOS.

lernen Deutsch

Para quem me segue no instagram já sabe que eu resolvi que vou reler o Hobbit, não só reler, como reler em 3 línguas diferentes ao mesmo tempo porque eu sou maluca e a vida é feita de maluquices. Boa parte dessa ideia vem do fato de que estudar alemão é um negócio que pessoalmente me cansa. É óbvio que ao realizar os resultados eu eventualmente fico um pouco mais animada, mas, diferente do inglês, aqui os resultados são sempre os mesmo para dias trabalhosos.

Eu comecei a estudar alemão e me apaixonei pela língua alemã quando eu fui fazer meu intercâmbio lá, e desde então eu tenho melhorado bastante. Apesar de dominar a parte básica da língua, eu quero aprender a usá-la com a mesma tranquilidade que eu uso o inglês e isso requer muito pra prática e esforço que dom propriamente dito.

Dito isso eu me frustro demais às vezes com as aulas que eu ministro de inglês e alemão. No fim das contas as pessoas acreditam profundamente que aprender as coisas é uma questão de ser ILUMINADO. Que um dia eu aprendi e foi assim mesmo, no meio de uma aula eu recebi uma iluminação e comecei a usar ambas as línguas de maneira clara e concisa e eu não sei como deixar mais claro que tudo se baseia em estudo.

Ler os livros nas 3 línguas foi a maneira que eu encontrei de estudar numa rotina ainda em construção, dessa maneira eu me desprendi dos cadernos e produzo uma situação um pouco mais prazerosa. Existem outras maneiras de fazer isso? SIM. A maioria das pessoas sabe fazer? NÃO. Assim a vida segue e meus mantras para não matar alguém com a força do ódio, enquanto escuto sobre os 20 episódios de série assistidos no fim de semana em detrimentos aos exercícios propostos, permanecem firmes. Por hora.