feminismo prático dói

Eu como mãe de um menino as vezes preciso colocar meu sentimentos de proteção e amor incondicional e ser prática com ele. Como feminista ativa eu acredito que mudanças só vem com diálogos e pontuações corretas, eu evito acusações e sempre incentivo o questionamento. Essa semana, dia dos namorados, desafiaram-no a entregar uma cartinha de amor pra menina que ele gosta na escola e o que acontece a seguir precisa ser dividido em partes.

Antes de tudo acho importante deixar claro que eu nunca incentivei ele a gostar de alguém na escola, foi realmente uma coisa bem natural e até um tempo atrás ele mal falava com ela de vergonha. Eu sabia, porque eventualmente ele me contou, mas eu sempre deixei claro sobre como ele é uma criança e não da pra criança ter nada além de achar uma pessoa bonita. Além de tudo, eu acho mexer com pessoas na rua um dos comportamentos mais ridículos que a humanidade desenvolveu, então também não rola esse tipo de coisa aqui.

Mas acontece que ele realmente acha ela linda demais e quando ele fala dela os olhinhos brilham e eu acho isso lindo calada POIS NÃO INCETIVO. E ele escreveu a carta. Deu uma flor junto. No meio de vários colegas.

Ela rasgou a carta e jogou fora junto com a flor, não teve final feliz (ainda bem). Mas é nessas horas que ser feminista dói um pouco. Não porque eu não acredito nos meus ideias, mas ele é meu filho. E ao mesmo tempo que eu queria consola-lo eu precisava ser sincera com ele sobre nem todas as meninas que ele vai gostar na vida estarem interessadas, e está TUDO BEM.

Encontrar esse meio termo dói, mas quanto mais você entende que é necessário você começa a criar estratégias para não romantizar o fato de que por mais que ele gostasse dela, ela não tinha obrigação nenhuma de gostar de volta. E que ao entregar a carta no meio de todo mundo provavelmente ele colocou ela numa situação de vergonha tão grade que mesmo que ela sentisse, ela provavelmente não responderia. Que ela tem todo o direito de dizer não e que ele não é um coitadinho por causa disso. É só mais um coraçãozinho partido e que um pote de sorvete sempre é bom nessas situações.

Pena que ta frio.

guia prático de como ler para uma criança #6

Faz um certo tempo que eu não venho aqui contar minhas aventuras de mãe e desesperada por livros que está ensinando uma criança sobre hábitos de leitura. Esse nosso novo capítulo é sobre: apresente coisas diferentes para o seu filho(a) de maneira a não só expandir a ideia de livros mas também mostrar pra ele que existem muitas coisas divertidas no mundo que podem ser lidas. Dessa vez eu resolvi investir em mangás. Tem um tempo que eu ando namorando os mangás do My hero Academy e na feira do livro que aconteceu na minha cidade calhou de eu encontrar os 4 primeiros volumes por um preço justíssimo.

O resultado aqui foi REALMENTE melhor que o esperado. Renato não só está´muito pilhado na história como dessa vez, por vontade própria ele tem lido mais e melhor. Eu ja havia comentado antes mas, personagens importam. Quando eu comprei o mangá pra mim com o desejo que ele também lesse eu não imaginei que ele iria se esforçar tanto para a acabar um livro rápido. Mas não entendam rápido com um desespero para não precisar ler, porque aqui ele tem que ler todos os dias. Rápido porque ele gostou tanto que começou a levar o mangá consigo para todos os lugares. Nosso combinado de um ‘capítulo’ por dia se tornou um recorde de LIDO EM 3 DIAS.

Às vezes não parece mas Renato tem só 7 anos e ele acabar um mangá que seja, com 200 páginas em 3 dias me deixou muito feliz. Sabe aquela sensação de ‘ta dando certo’, pois é. É bem ela que paira nesta casa nos dias atuais. Entre as coisas boas está a empolgação da criança com o livro, entre as ruim está a empolgação da criança com o livro. A cada 10 coisas que Renato vem falar comigo, 8 é sobre o mangá.

A vida: esse eternos ônus e bônus

how to raise a child

Primeiro que não existe regra e esse texto não é uma cagação de regra, é a minha visão e a minha OPINIÃO. Todas as verdades contidas neste texto são as minhas verdades e eu não espero que elas se apliquem a outras pessoas porque é saudável e bem comum sermos e pensarmos de maneira diferente. Segundo que esse texto ´é baseado na minha experiência como mãe, entre erros e acertos e algumas pedrinhas no caminho.

Renato é uma criança de 7 anos que é um excelente aluno e uma criança extremamente carinhoso e até tímida as vezes. Muito já se passou até chegarmos neste ponto onde ele já tem até uma certa autonomia e a jornada foi mais longa que parece. Dos seus 7 anos de vida eu passei 1 ano e meio longe e ainda me dói pensar em algumas situações mas eu não me arrependo. Eu fiz o melhor para nosso futuro naquela época e eu confio bastante, até hoje, nas mãos as quais eu o deixei na minha falta.

Acontece que eu sou uma pessoa meio eu. Eu vivo abarrotada de livro e valorizo coisas bem pontuais como o conhecimento e eventualmente vivo abarrotada de livro na cama. Eu gosto de conversar profundas, mesmo que com um menino de 7 anos, e gosto de ver como ele é quando criança. A verdade é que eu adoro o fato de que na medido do possível eu consegui deixar Renato ser criança por muito tempo, no sentido de gostar de coisas de criança e pensar de maneira menos agressiva. Eu sempre critiquei essa maturidade precoce que se faz uma verdade bem profunda entre nossas crianças e eu luto o máximo possível contra isso.

A última discussão a cerca de Renato se deu porque ele gosta de uma menina na escola. Esse fato, que a princípio eu achei bem engraçado e conversei com ele sobre inclusive, começou a tomar proporções mais sérias quando ele começou a se sentar do lado dela na escola e isso desencadeou uma reclamação na escola porque ele estava conversando demais. Eu nunca proibi Renato de gostar da colega de classe, até porque eu não tenho esse poder, mas eu conversei com ele e expliquei que crianças de 7 anos não namoram. E que é bem legal ele achar ela linda (e ele acha) e todas as coisas bonitinhas que ele pensa sobre ela, mas que na idade dele isso não poderia ser algo além disso. Porque isso não é coisa de criança.

Entre os mil comentários que eu ouvi, sejam eles homofóbicos ou machistas, muitos me deixaram bem chateada. É algo que parece bem claro na minha vida quando eu digo pra Renato que ele não pode namorar com 7 anos de idade. Isso nada tem a ver com a menina e nem com afirmação sexual de uma criança de 7 anos, tem a ver com ele não ter maturidade suficiente para entender o que é namorar e todas as coisas que isso implica. Eu sei que ele vai beijar na boca um dia e ter uma namorada, o que eu luto é para que isso aconteça no tempo dele e não numa situação onde ele se vê empurrado para algo que ele mal consegue colocar em palavras.

É realmente triste eu ter que explicar tudo isso para ADULTOS.

a new hope

PRA VOCÊ QUE PEGOU MINHA REFERÊNCIA BATIDA UM BEIJO.

Hoje eu fui fazer a matricula de Renato no conservatório de música da cidade e a minha maternidade chegou em seus êxtase. Eu estudei nessa instituição quando eu era mais nova e o quanto eu me senti velha não sei se é possível descrever em palavras. Acontece que olhar praquelas paredes e sentir aquele aroma e dar uma olhadinha no becos do prédio me derão uma sensação tão gostosa e reconfortante, que há muito eu não sentia, que olha – FOI LINDO.

Quando eu entrei no corredor que eu costumava usar para ir nas minhas aulas de teclado e nas escadas que me guiavam até minhas aulas de balé algo dentro de mim desejou ter 14 anos de novo e não ter saído naquele tempo, sabe. Eu amava aquele lugar e como as coisas se moviam ali. Era como se ao passar por aquelas portas minha cabeça ficasse mais leve e o sentimento de inaptidão que me procurava todos os dias sumisse por algumas horas. Era leve e profundo ao mesmo tempo, me ensinou tantas coisas!

Eu saí de lá segurando uma pedaço de papel com os horários que eu deveria levar Renato para as aulas e existia essa voz dentro de mim desejando profundamente gritar o quanto eu estava satisfeita. A mesma que foi falar com minha mãe que talvez eu não precise de ajuda e que eu vou com o maior prazer do mundo passar os primeiros dias lá com Renato. Me sinto um fumante juntando moedinhas para comprar um cigarro.

masculinidade tóxica

(eu não deveria estar escrevendo, eu tenho mil coisas para fazer então eu não vou reler esse texto pra tentar encontrar erro de português ou concordância, mas se tiver me avisa)

A Gillete recentemente lançou um video que tomou conta das redes sociais sobre o exemplo e como isso pode transformar nossos meninos em pessoas melhores. Essa discussão eciste na minha vida há um bom tempo, quando você tem um filho e você começa a ver esses exemplos refletidos nele você começa a pensar nisso de maneira involuntária.

Estou dizendo que a maneira como eu crio Renato é perfeita e foge a todos os defeitos, o que eu tento fazer sempre e me questionar a respeito de como todos os homens em volta dele refletem um comportamente e eventual é isso que ele vai reproduzir. Isso me rendeu algumas brigas com o pai dele, algumas discussões com familiares e até mesmo algumas horas explicando pra Renato as coisas. Meu ponto é, eu quero que ele lide com as coisas de maneira que o que alguém acha que ele é não interfira diretamente nisso.

Sem a parte do é ‘de menino’ e ‘de menina’ Renato faz luta, anda de patins, ama Minecraft e Gravit Falls, lê porque eu mando mas algumas vezes ele até gosta, dorme abraçado com um macaco de pelúcia até hoje, ama animais no geral e bem, muitas desses coisas são pautadas pelos desenhos que ele gostava quando criança. Porém eu não permito, até o ponto que eu posso interferir, que ele deixe de se divertir assistindo She-ha comigo, ou que ele ache um personagem como a Hilda ruim só porque ela também não é um menino.

A ultima, talvez a melhor história de Renato foi o fato da minha vinzinha emprestar pra ele aquelas coisas de colocar no joelho e cotevelo para ele andar de patins, que eram rosas, e ele até me pediu pra pintar de preto pra combinar com o patins, mas isso não impediu que ele usasse os objetos, que ele entendeu que era pra sua própria segurança. Isso, depois de um episódio onde uma colega perguntou se ele era gay porque ele estava com o cabelo grande, pra mim, foi um grande avanço. Na época eu tive uma conversa longa com ele sobre como chamar alguém de gay não é ofensa, é uma característica, mas eu sei que ele é criança e essas coisas ficam. Quando eu vi ele no meio da rua andando de patins com joelheiras (lembrei o nome) e cotoveleiras rosas aquela sensação de ‘tá tudo muito bem’ pairou no ar e eu não posso negar que sentir que esta fazendo um bom trabalho é muito bom as vezes.

Eu não estou dizendo que Renato é um ser humano perfeito, ele até já fez e falou algumas coisas bem sexistas, e olha que ele só tem 7 anos, mas eu escolhi questionar ele sobre as coisas que ele fala ao invés de simplesmente falar que é errado. É um caminho alternativo, doloroso e cansativo as vezes, mas que eu trilho com a certeza de que eu quero criar alguém melhor que eu e pronto para respeitar as pessoas e o que elas são.